18 de abr. de 2024

O poder do silêncio e da escuta

Ao longo de 20 dos meus 44 anos dediquei-me à engenharia, enfrentando desafios, analisando-os e apresentando soluções. Em cada situação, o meu objetivo era desenvolver um projeto que respondesse às necessidades identificadas, uma abordagem que também aplicava nas minhas relações pessoais: fornecendo soluções e conselhos diretos. No entanto, ao explorar o mundo do coaching, deparei-me com uma mudança de paradigma. Os meus mentores sublinharam que um verdadeiro coach não deve oferecer soluções diretas nem julgar os seus clientes. Esta ideia era completamente oposta a tudo o que eu sabia, mas um vestígio de confiança nos meus novos professores permitiu-me perseverar felizmente. A prática do coaching revelou-se um desafio. Apesar de anos de hábitos, aprendi que as respostas mais valiosas são aquelas que o cliente descobre por si próprio. 

Numa sessão marcante, ao sugerir subtilmente uma solução para um engenheiro júnior, fui surpreendido pela sua rejeição, o que foi um golpe duro para o meu ego, mas uma lição valiosa. Isso ensinou-me a importância de deixar o ego de lado. Nas seguintes ocasiões contive o impulso de oferecer soluções, recordando a reação desdenhosa do colega anterior. Atualmente, compreendo que respeitar o coachee significa acreditar que ela ou ele possui muitas respostas. Essa crença é também a base de muitas das minhas ações como professor na universidade, onde enfatizo que a verdadeira tarefa do orientador de dissertação ou tese, na maioria das  ocasiões, é deixar os estudantes encontrarem as suas soluções mais do que impor as minhas soluções.

Albert Einstein uma vez afirmou que o sucesso na vida pode ser descrito como "X + Y + Z", onde X é trabalho, Y é prazer e Z é manter a boca fechada, o que vai além de simplesmente "morder a língua". Estar em silêncio significa não dizer nada quando não é necessário, especialmente no que toca a oferecer soluções e conselhos não solicitados. Assim, questiono: como coach, e mesmo como pessoa, mantém o silêncio quando escuta? 

8 de dec. de 2023

Biografía dos soños perdidos

 Houbo un tempo, un tempo afastado, no que tiñas toda a vida por diante. Estabas no inicio daquel camiño abraiante polo que se despregaba unha interminable alfombra de veludo vermello que te invitaba a avanzar ate mañá. Daquela, crías firmemente que podías comer o mundo, papalo a trabadas. Os brazos da túa nai eran portos seguros onde arribar para abeirar das tempestades, para zugar esa sensación de seguridade e benestar que che fornecían. Daquela, as apertas maternais e os confíns da casa familiar eran todo o teu horizonte, mentres os soños de grandeza nacían no teu maxín. Visualizabas todo o que ías conseguir.

Comezas o teu paseo pola alfombra de veludo vermello con afouteza, ollando exultante ao teu redor e todo te anima a continuar; o sol, benévolo, brilla para ti; as follas da vexetación que ao seu paso forman un exuberante túnel reverberan con todos os matices de verde. Segues a avanzar e o túnel comeza a curvarse. O ton vermello da alfombra de veludo vira cada vez máis esvaecido; a vexetación está amarelenta e cada vez máis raquítica e escasa; o sol agóchase de forma intermitente e o seu brillo mingua. E, nun momento que non podes fixar, o camiño converteuse nunha sinuosa pasaxe, escura coma os corredores do averno. 

Pero continúas adiante. Acostúmaste ao complexo labirinto, a marchar na escuridade sen saber onde vas. Os teus soños de grandeza van esvaecendo lentamente detrás dunha cortina bretemosa. O labirinto agocha trampas e nada é de balde. Aos intres, dá esa sensación de falso optimismo, de esperanzas ficticias e de euforia patética. O labirinto gratifica con substitutos adulterados dos soños que che promete conceder a cambio da prostitución da túa alma. E ti, que aínda cres que poida haber un mañá mellor, prostitúeste por calquera cousa que se asemelle á lembranza do soño imposible. Onde fica agora no estraño labirinto lúgubre a meta que unha vez percibiches con claridade meridiana? 

O labirinto péchase en ti, mergullándote na máis profunda escuridade. O teu paso xa non é valente nin desafiante, os teus ollos xa non brillan e a túa mente está alienada. Andas por pura inercia, un cadáver andante listo para derrubarse en calquera momento. A escuridade total envólvete como un pesadelo do que sabes que xamais espertarás. Non hai máis percorrido na alfombra de veludo desgastado, non hai máis frondosas follas caídas nas beiras do carreiro, non hai máis sol para brillar sobre ti. O labirinto é traizoeiro e xa hai tempo que non podías recoñecer aqueles soños afastados. Desapareceron. Desapareciches no eixe da escuridade. Os teus soños perdéronse e perdéronte.

29 de nov. de 2023

Construção Sustentável: a perspetiva dos construtores

 O livro "Construção Sustentável: a perspetiva dos construtores" já está à venda! 

Em parceria com o Dr. Marco Pais Neves dos Santos, exploramos a visão dos construtores portugueses recém-habilitados em relação à questão da sustentabilidade. Não se trata apenas de um estudo; é um convite para reconsiderar a construção sustentável de maneira mais abrangente, como uma força positiva para o ambiente, a sociedade e o território. Apesar das vantagens em adotar uma cultura de habitação sustentável, até à data desta investigação essa ainda não era a escolha consciente da maioria dos construtores. Aqueles que tinham alguma consciência da importância da sustentabilidade centravam-se, sobretudo, em consumir energia de forma mais eficiente ou em reduzir o impacto ambiental, em vez de abraçar uma perspetiva mais extensa.

O livro na Amazon custa menos de 5 euros e os lucros vão para doações às escolas.

17 de xan. de 2023

Interagir com pessoas bem diferentes

Interagir com pessoas de outra classe social ou com um background bem diferente pode ser desafiador, pois as normas e costumes variam muito dependendo do contexto. É importante tentar encontrar um terreno comum, ter a mente aberta e estar disposto a aprender com a experiência. 

Sempre haverá momentos inesperados fora do manual de dicas de etiqueta. Por exemplo, em uma refeição em um restaurante caríssimo eu não sabia como usar todos os utensílios complicados para os caranguejos e tive que pedir ajuda, o que foi até engraçado. Em um canteiro de obras, alguns trabalhadores me convidaram para comemorar o fim do dia de trabalho com algumas cervejas geladas em um balde, mas abriram as tampas das garrafas com as suas mãos fortíssimas - o que eu sou totalmente incapaz de fazer - e também tive que pedir novamente por alguma ajuda em meio do riso dos colegas.

Um exemplo de amizade entre pessoas de diferentes origens é a relação entre George e Lennie no romance "Of mice and men" de Steinbeck. Apesar das suas diferenças, os dois homens têm um profundo vínculo de amizade, construído em torno de um sonho comum: possuir uma pequena fazenda própria para viver uma vida tranquila e em liberdade. Essa história, mesmo que fictícia, mostra como a amizade pode transcender as classes sociais e como as pessoas podem se conectar e formar laços que vão além de sua origem e classe.

Como conclusão, seja autêntico e sempre positivo, seja verdadeiro e esteja disposto a admitir quando não souber algo. Lembre que o objetivo principal não é ser perfeito mas fazer com que a outra pessoa se sinta interessada e confortável.

28 de ago. de 2022

Cousiñas que entendo mellor coa idade

Consoante me fun facendo maior empecei a darme conta de cousas interesantes da vida e, por suposto, do meu propio percurso vital. Aquí están media ducia de aprendizaxes ate esta mediana idade:

1. O proceso de crianza dos fillos é caro, esixente e precisa moreas de tempo. Na práctica, a conciliación familiar e laboral significan que debes ser tan profesional coma se non tiveses fillos, mentres crías fillos coma se non tiveses emprego. Nunca poderemos pagar os sacrificios que os nosos pais fixeron por nós.

2. A familia non se pode elixir, pero podes escoller os teus amigos, socios, camaradas e coñecidos. Non todas estas amizades e relacións durarán para sempre, e está ben que así sexa. A xente que vai e vén tamén cumpre unha función.

3. Se procedes dun fogar normal, non podes xerar un grande impacto xogando seguro. Necesitarás algo máis que traballo duro, terás que quebrar varias regras e amolar a algunhas persoas.

4. Os 40 non son os novos 20. Todos temos un lado escuro, salvaxe, unha especie de impulso de Eros e Thanatos: non hai outra que lidar con esas tebras na mediana idade. Só un mantemento adaptativo garante un bo funcionamento de corpo e espírito.

5. O ser humano non está deseñado para aturar a verdade, senón para a supervivencia. A vida é inxusta e a meritocracia é un mito, pero, paradoxalmente, as cousas adoitan ir mellor facendo como que a vida é xusta e que a meritocracia existe. Queres ser feliz ou queres a verdade? Non se pode ter as dúas cousas.

6. A amabilidade resulta moito máis importante que a intelixencia. Ser espilido fai pouco ou nada para volver o mundo un lugar mellor a menos que a intelixencia estea ao servizo das boas maneiras.