16 de ago. de 2009

A empresa democrática

"Se a liberdade significa algo é o dereito a dicir o que aos demais non lles interesa ouvir" - George Orwell.

"Con suficientes ollos ningún erro é invisíbel" - Linus Torvalds.

Cando os colegas discutimos como se debería xestionar unha empresa ou un proxecto, e é bastante habitual que estas discusións deriven no eterno debate entre creatividade e productividade, sempre levo en mente moitas das leccións do brasileiro Ricardo Semler. A primeira vez que lin o Virando a própria mesa certamente coidei que o autor sería algún falabarato sen responsabilidades reais -talk is cheap!- pero cando souben que as súas ideas foran implantadas na Semco, a empresa de bombas de São Paulo que preside, entón comecei a tomar o seu discurso de liberdade no traballo un pouco máis en serio.

A idea principal de Semler é que a se democracia e a liberdade son a base das sociedades máis xustas e prósperas - e mesmo estamos dispostos a exportar a nosa "democracia occidental" a ferro e fogo - as empresas máis eficaces serán analogamente aquelas que teñen un funcionamento verdadeiramente democrático. De feito, na Semco os empregados teñen a maior parte da propiedade da empresa, escollen os seus novos compañeiros e xefes, e votan os productos que cren que terán mellor futuro para a empresa.

Sen embargo, con esta crise o que non está precisamente en crise son os sistemas de vixilancia e seguemento aos empregados: tornos, tarxetas de seguridade, vixilantes con porra, alarmas, proxies e monitorización da rede de ordenadores, circuitos internos de televisión e mesmo detectives facéndose pasar por clientes. O resultado soe ser mais de media hora perdida cada día en darse conta de que o posto de traballo xa non está nun edificio intelixente senón que se ubica no cuartel xeral da OTAN ou algo así. E así en lugar de poñer os ollos en mellorar os erros do traballo feito, póñense miles ollos humanos e electrónicos para controlar se fulano tomou un café de máquina por mais de quince minutos ou se mengano ten a vexiga frouxa.

Especialmente nos traballos mais intelectuais, naqueles que producen un servizo froito da actividade dos miolos (p.ex. o ensino, a consultoría, o xornalismo, o desenvolvemento de software, a investigación, a literatura, o deseño industrial, etc...) a liberdade e a democracia na organización son a mellor vantaxe competitiva. As figuras autocráticas, pequenos dictadores con ganas de controlalo todo, tenden a rodearse de xente que saiba comer e calar e por esta ausencia de revisión e crítica do traballo é mais probable que estes grupos cometan mais erros. A empresa democrática implica horizontalidade e tamén esixe que o empregado saiba mais e mais de todo, que saiba comunicar as súas opinións e que se molle coas súas decisións.

Foto: Ricardo Semler, The maverick CEO, BizEd.

12 de ago. de 2009

Feijóo ao JN: Desejaria ter um homólogo no Norte de Portugal.

Quando o desemprego começou a subir, na Galiza, houve protestos contra a presença de portugueses. A cooperação entre as regiões é um discurso político ou é desejada pelos habitantes da Galiza?

A vontade política é a expressão da vontade popular. Os políticos podem criar cenários, como fizemos em 1991, quando criámos a Comunidade de Trabalho Norte de Portugal/Galiza. Agora as relações entre as duas populações já se fazem com normalidade. A euroregião começou de cima para baixo, em termos políticos. Agora creio que se impulsiona de baixo para cima.

A Galiza vai fazer um grande investimento em ferrovia. Os portugueses serão bem-vindos ao projecto?

Sem dúvida. Temos um acordo com o Governo Central para investir 4700 milhões de euros até 2015. Apesar da recessão e da subida do desemprego, provavelmente precisaremos dos trabalhadores portugueses, porque são bons, eficientes e conhecem o funcionamento da construção e obra pública.

Quando é que o comboio de velocidade alta chegará à fronteira?

Partilhamos a data de 2013 com Portugal. Já fechámos em 2012 a data definitiva em que estará operacional na Galiza, mas a ligação a Portugal não poderá ser feita em 2012. Há que pressionar o Governo de Espanha para que o seja em 2013. Se não aumentarmos o ritmo, podemos chegar tarde.

Em Portugal tem sido discutida a oportunidade da sua construção. Receia que o Governo saído das eleições congele o projecto?

Não. É certo que há políticos cautelosos, estamos num cenário económico muito complicado, mas não significa que fiquem sem efeito projectos-chave estruturantes. Estou convencido que, governe quem governe, o comboio de alta velocidade entre Porto e Vigo é bom para Portugal e para Espanha.

Como presidente da Galiza, admite pressionar o próximo Governo para que a obra se faça em 2013?

Sem dúvida. Seis milhões de pessoas querem que o comboio seja feito. Toda a Galiza poderá descer ao Porto em menos de 1.30 horas. Acredito que melhorará a competitividade do território, as relações comerciais, empresariais.

O facto de o Norte não ter a autonomia de decisão da Galiza dificulta o aprofundamento das relações entre as duas regiões?

Desde 1991, temos tido muita experiência em como implementar instituições para colaborar com o Governo, as autoridades locais, municipais: o Eixo Atlântico, o Agrupamento Europeu de Cooperação Territorial (que, em Novembro, deverá ter um calendário de actuação) e a Comunidade de Trabalho.

Mas não tem um interlocutor português, com capacidade de decisão.

As relações, entre o ano de 2005 e agora, aligeiraram-se. A Comunidade de Trabalho só reuniu duas vezes, não é um bom balanço. O novo Governo da Galiza vai dar prioridade à euroregião. É certo que ter um homólogo com as mesmas características poderia trazer mais facilidade, mas as estruturas nacionais são o que são e temos que suprir isso com cooperação e com outros organismos.

Admite também pressionar o Governo português para ter um interlocutor único no Norte?

Não me quero intrometer na soberania portuguesa. Creio que seria bom dar mais potencialidade às regiões, sem perder a coordenação de Estado. Descentralizar e aproximar os serviços públicos dos cidadão não é mau, é uma boa decisão. Mas insisto que vou trabalhar com os instrumentos que Portugal que coloque à disposição.

A Galiza já não é a região pobre que era há duas décadas, enquanto que o Norte tem marcado passo. Se tivesse um modelo de autonomia, crê que se teria desenvolvido como a Galiza?

As autonomias têm um balanço positivo. Temos alguns problemas de coordenação, de dispersão das decisões, mas o balanço é positivo. Creio que qualquer país que experimente uma descentralização controlada pode ter mais vantagens do que inconvenientes.

Há acordos regionais para a moda, o mar e o automóvel. A forma como são postos em prática é eficaz?

Temos que passar das palavras aos actos, envolver muito mais a sociedade civil, sentar os agentes económicos, as pequenas e médias empresas para concretizar as ideias, que são boas no papel. A segunda geração de cooperação tem que pôr em prática as vantagens competitivas da euroregião.

Encontra outras áreas em que uma maior aproximação fosse útil?

A estratégia deve passar pelos sectores produtivos. Temos o mar e os produtos congelados, o automóvel, o têxtil, a pedra e granito, a logística. O porto de Leixões tem que ter uma relação mais directa com as plataformas portuárias de Vigo e da Corunha, onde estamos a fazer o maior porto da fachada atlântica europeia. Temos também a indústria audiovisual e das tecnologias da comunicação.

O aeroporto de Sá Carneiro quer ser o maior da euroregião, temos infra-estruturas a competir directamente com as galegas. Há colaboração ou competição?

A concorrência é fundamental. Colaborar não significa não competir, mas dar valor ao que cada um consegue fazer. Eu incentivo a concorrência interna, sem ela somos mais pobres.

Em termos de relação com a região Norte, o que o diferencia do seu antecessor, Emilio Pérez Touriño?

Veremos no final do mandato (risos). Mas a minha primeira visita foi à euroregião. Nos últimos quatro anos, a Comunidade de Trabalho reuniu duas vezes. Connosco, nos primeiros 70 dias, já reuniu uma. Portanto, creio que vamos bem. Também temos que pôr a funcionar o Agrupamento de Cooperação antes do Natal, com um director português, um adjunto galego e em Vigo. E que preparar o período 2014 a 2020, a Comissão de Cultura e Universidades e a Comissão da Juventude, a eurocidade Verín/Chaves... Sou um firme defensor desta euroregião.

Fonte: http://jn.sapo.pt/PaginaInicial/Economia/Interior.aspx?content_id=1301429
Fotografia: EFE; Alberto N. Feijóo e Carlos Lage, presidente da Comunidade de Trabalho Galiza - Norte de Portugal, no Porto.