28 de dec. de 2012

A engenharia em Angola (I)

Na formação dos engenheiros civis angolanos tem havido uma lacuna no que respeita à parte ambiental. Não tem sido dado realce na formação dos engenheiros civis à parte do ambiente. Faz falta a figura de engenheiro do ambiente.

Apesar de haver mais de uma dezena de gabinetes que se dedicam ao projecto de obras de engenharia civil, não são suficientemente especializados para responder às exigências técnicas de alguns projectos. Não tem havido muita colaboração entre estes e as universidades. Não tem sido aproveitado o know-how e a capacidade de investigação aplicada das universidades. A formação dos engenheiros civis normalmente foi, até ao momento, feita pelo estado, por ser muito cara, quer por financiamento directo quer integrada nos orçamentos de projectos.

No caso de se tratar de empresas privadas a questão complica-se embora haja empresas com capacidade para dar formação aos seus engenheiros. Não tem havido apoios às empresas privadas para darem formação, o que torna mais difícil à opção das empresas na aposta da formação. Ao nível do estado tem havido alguns apoios nos centros de formação, muitos virados para certas especialidades, o que é notoriamente insuficiente. Até ao presente a formação era feita quase exclusivamente nas universidades públicas, pois as privadas não têm tido capacidade financeira para fazer face aos custos dos equipamentos de apoio à formação. Convénios que havia entre as empresas e as universidades deixaram de funcionar pelo que a formação tornou-se mais difícil de levar a cabo.

Os cursos de engenharia praticamente deixaram de funcionar durante um período largo e os engenheiros angolanos têm procurado o Brasil para fazer a sua formação académica. Isso trouxe problemas nomeadamente o facto de se desinserirem do mundo real angolano. Além disso, ou por causa disso, muitos ficavam-se pela docência não chegando a entrar no mundo do trabalho industrial. Pode mesmo dizer-se que a engenharia regrediu, não se têm feito coisas novas, o estado já tem um grau de exigência menor e tem que se convencer de que a reconstrução efectiva só pode ser feita com engenheiros.

No que respeita à adaptação curricular dos cursos ministrados nas universidades angolanas já há uma certa estabilização embora se imponha uma revisão curricular em breve prazo para acompanhar a evolução tecnológica nesta área. As águas e a energia constituem problemas principalmente ao nível de quadros intermédios que praticamente deixaram de existir com a extinção dos cursos médios de tendência profissional.

Fonte: A Engenharia e o Engenheiro em Angola (2008). José Dias. Bastonário da Ordem dos Engenheiros de Angola. Professor da Universidade Agostinho Neto de Luanda.

Foto: Planta de Gás Natural Liquefeito construida pela China Harbour Engineering Co. Ltd. para a Angola LNG

22 de nov. de 2012

Dicas para o sucesso no exame CELPE-Bras

(com a colaboração do Eng. José D. Alvaredo)

  • Dicas gerais sobre o exame

No CELPE-Bras tem muita importância a expressão escrita pois afinal as 4 tarefas acabam sendo escrever um texto, fora a quinta tarefa da expressão oral. É uma prova desbalanceada comparada com a do Instituto Camões. No CELPE-Bras quem escreve bem tem muita vantagem.

Cada tarefa é uma folha escrita: não se pode escrever nem menos (deixando linhas em branco) nem mais (porque não seria avaliado). Portanto, é importante se ajustar ao total do espaço. Póde-se usar a folha de rascunho também de espaço limitado e que não é corrigida.

É muito importante ter em conta o tempo e praticar com o relógio.

Deve atentar, em primeiro lugar, se o texto é formal e informal. E nos cabeçalhos: Caro amigo....  Aos moradores do condomínio... E igual com a despedida: Atenciosamente, Beijos, A gente se vê, etc

Os tempos verbais devem adaptar-se ao tipo de texto. Por exemplo, um cartaz dirigido aos moradores do condomínio deve levar tempos em imperativo, por exemplo, não sujem a escada, não deixem a porta aberta...

Na tarefa do vídeo e a tarefa do áudio as mesmas palavras e frases que se ouvem podem ser usadas. Pontua positivo porque assim se demonstra que foram entendidas essas palavras.  É bom verter no texto a maioria da informação que aparece no áudio e no vídeo. Ao corrigir somam-se os pontos tratados e se faltar algum assunto conta negativo.

Mas pelo contrário, nas duas últimas tarefas em que entregam um texto escrito é ao invês. Não se aconselha copiar frases literais do comando porque isso resta pontos.

A prova oral é semelhane à das Escolas Oficiais de Idiomas: dois professores e uma gravadora. No começo é preciso falar de você, quem é, que faz na vida, a razão porque estuda português, etc.... Isso pode levar-se preparado com alguns brasileirismos (colocação do pronome, sem uso do tu..) para que a coisa fique mais bacana :))
Uns desenhos e fotos são apresentados para falar do assunto e bater um papo.

  • Galegadas e portuguesadas

É preciso não cometer grandes galegadas: a carão/ao lado, agarimo/carinho, aginha/depressa, argalhar/discorrer, amodo/de vagar, bágoa/lágrima, botar/deitar, ceive/livre, engadir/acrescentar, cunca/tigela, daquela/na altura, doado/fácil, enxebre/castiço, morrinha/saudade...

É preciso também não cometer grandes portuguesadas: autocarro/ônibus, comboio/trem, eléctrico/bonde, telemóvel/celular, um bocado/um pouco, talho/açougue, desporto/esporte, ecrã/tela, descolagem/decolagem, guardar um ficheiro/salvar um arquivo, económico/econômico, actual/atual, há muitas pessoas a usar (...)/tem muita gente usando (...), rapariga/menina, a minha casa/minha casa, etc...

  • Resultados

Acho facílimo para qualquer galego obter em pouco tempo o certificado CELPE-Bras Intermediário mas não é nada simples obter um certificado avançado. De fato, as estatísticas aproximadas são

- Avançado Superior 1%
- Avançado 10%
- Intermediário Superior 37%
- Intermediário 34%
- Sem certificado 18%

  • Bibliografia

- Do Ñ para o NH: manual para transitar do galego-castelhano ao galego-português. Valentim R. Fagim.
- 101 Falares com Jeito. Fernando V. Corredoira.
- Breve guia de leitura do português para galegófonos. José Ramom Flores d'as Seixas.
- Portugues Via Brasil: Um Curso Avançado Para Estrangeiros Emma Eberlein O. F. Lima e Samira Abirad Iunes.
- Minimanual compacto de gramática. Maria Cecília Garcia e Benedita Aparecida Costa dos Reis.
- Português ao alcance de todos - Gramática e redação comercial - Cláudia Silva Fernandes e Marisa dos Santos Dourado.
- A arte de escrever bem. Um guia para jornalistas e profissionais do texto. Dad Squarisi e Aríete Salvador.
- Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa.

Muita sorte!

19 de xuño de 2012

Raízes quadradas rápidas

Sempre fiquei perplexo sobre a maneira de ensinar o cálculo de raízes quadradas nas escolas de primária. Lembro um método pesado em que cada dígito era extraído com bastante suor.

Na faculdade, especialmente nos meus estudos em engenharia em informática, não tenho tido sempre a licença para usar uma calculadora nos exames, então eu aprendi a calcular raízes quadradas à pressa, com lápis e papel; umas raízes quadradas digamos de emergência mas suficientemente aproximadas para a imensa maioria de casos. No meu caso, gosto de usar o algoritmo de Newton-Raphson aplicado à equação f(x)= x - raiz (K) = 0

Suponha que seja preciso calcular a raiz de um número real K. Para calcular a raiz de K, primeiro assumimos uma primeira aproximação x[0]. Para números pequenos minha estimativa usual é x[0] = K/2
Até 1000 vai bem iniciar com x[0]= 8+(K/40). Em outros casos os quadrados perfeitos dão alguma idéia.

Feita a primeira estimativa x[0], esta é refinada apenas uma ou duas vez com
x[i+1] = (1/2) * (x[i] + (K / x[i]))

Por exemplo, se você está na obra e não tem una calculadora de mão e um operário pergunta-lhe qual o lado de uma laje de 500 metros quadrados, sabe que o lado L = raiz(500) = 10 raiz*(5) = 10*xentão

x [0] = 5/2 = 2,5 (erro de 12%)
x [1] = 9/4 = 2,25 (erro de 1%)
x [2] = 161/72 = 2,2361 ... (% de erro 0,002)

portanto o lado é L = 22.361 m

A diferença entre algoritmos é evidente nas imagens anexadas abaixo.

Algoritmo da escola






Algoritmo iterativo

19 de maio de 2012

Cursos low-cost de português on-line com diploma

Está aberta a inscrição nos cursos on-line Escrevermos com NH e Falarmos Brasil da AGAL. Os cursos começarão em  maio e junho (veja-se http://falarmos.com/). 

Escrevermos com NH é um curso introdutório ou de revisão de conhecimentos com uma duração de 40 horas e o preço é 35€ de propinas de inscrição e 15€ pelo envio de materiais didácticos. Falarmos Brasil tem uma duração de 60 horas e o preço é 60€ pela inscrição e 15€ pelo livro de apoio. A superação dos cursos dá direito a diplomas emitidos pela AGAL.

NB: É bom lembrar que no Brasil há aproximadamente 5 engenheiros por cada mil habitantes enquanto na Europa há aproximadamente 15 engenheiros por cada mil habitantes. Uma oportunidade a não perder.

Convénio ibérico de reconhecimento de engenheiros civis

Engenheiros civis de Portugal e da Espanha vão ser reconhecidos em simultâneo nos dois estados, depois da assinatura de um convénio entre a Ordem dos Engenheiros do Norte e o Colexio de Enxeñeiros de Camiños, Canais e Portos da Galiza em 2011. Só é preciso fazer um curso de legislação de 50 horas como este. Até hoje esta situação não era possível, sendo necessário passar um lento processo de reconhecimento. 

O mesmo tipo de protocolo foi tentado com o Brasil mas está a haver uma resistência grande por parte da ordem do órgão dos engenheiros brasileiros por interesses proteccionistas. 

Foto: O convénio foi assinado junto à Ponte Internacional de Valença-Tui.